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Droga do caso Djidja: Entenda para quê médicos indicam a cetamina

 
     
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A comunidade científica internacional reconhece a cetamina e derivados como uma das maiores revoluções em saúde mental das últimas décadas. O debate sobre uso da substância foi exposto após a ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, ser encontrada morta, na última semana, em Manaus, cuja causa está associada uma possível overdose da substância.

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Mas especialistas afirmam que, usada de forma adequada e com acompanhamento médico, a droga pode ser uma importante aliada em tratamentos de saúde mental. Várias ramificações das pesquisas conduzidas nos Hospitais Universitários Federais vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) dizem respeito à tentativa de encontrar formas de cetamina acessíveis economicamente e com melhor tolerabilidade para o paciente.

Mas, afinal, uma substância que pode levar à dependência e é usada como anestésico pode também ter seu uso em tratamento clínico e eficaz? Para jogar luz ao debate sobre essa substância considerada multifacetada, três especialistas da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que trabalham em sua forma terapêutica, em seus respectivos Hospitais Universitários Federais, explicam como ela pode ser útil para tratamentos psiquiátricos.

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Desde o início de seu uso como anestésico – na década de 70 – já se observava que pacientes submetidos à substância tinham menos ansiedade e depressão. Psiquiatras internacionais publicaram estudos sobre os efeitos da Cetamina na depressão e desde então a substância foi amplamente estudada para essa finalidade, comprovando sua eficácia e superioridade no tratamento de quadros depressivos mais graves e resistentes às medicações convencionais, benefício em pacientes com ideação suicida e no tratamento de pacientes com dores crônicas.

Em 2019 a cetamina foi aprovada pelo FDA para uso no tratamento de depressões resistentes. Federal Drug Administration (FDA) é o órgão governamental dos Estados Unidos que faz o controle dos alimentos (tanto humano como animal), suplementos alimentares, medicamentos (humano e animal), cosméticos, equipamentos médicos, materiais biológicos e produtos derivados do sangue humano. Ela também está presente na Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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“Hoje sabemos que o sistema glutamatérgico está relacionado com a fisiopatologia da depressão e que a Cetamina atua modulando esse sistema e melhorando os quadros depressivos de maneira mais rápida e mais potente quando comparada aos antidepressivos de uso oral.”, explica a psiquiatra Valéria Pereira Silva, do ambulatório de Infusão de Cetamina do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC).

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Cetamina no combate à depressão severa

Especialistas explicam que o uso específico para tratamento de depressão severa aconteceu por acaso. Paula Dione, psiquiatra do Serviço de Psiquiatria do Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA/Ebserh) explica que foi nos primeiros estudos que cetamina se mostrou como medicação que proporciona esse efeito antidepressivo.

“Hoje a gente tem um entendimento da depressão muito maior, muito mais ampliado do que há alguns anos, onde o entendimento era mais restrito. Hoje a gente sabe que tem muitos outros alvos, digamos assim. Então tem drogas que vão mexer com noradrenalina, tem drogas que vão mexer com dopamina, com serotonina e a ketamina que vem pela via do glutamato”, afirma.

Psiquiatras que atuam no manejo da cetamina explicam que o medicamento à base da substância preenche uma lacuna que existia pelo fato de que nenhum antidepressivo começava a atuar em menos de 15 dias, após se atingir a dose terapêutica mínima. 

Com a cetamina e derivados se inaugurou uma nova classe de medicamentos: a de antidepressivos de ação rápida. A aplicação, no entanto, deve ser realizada em ambiente sob supervisão de profissional de saúde.

“O uso da cetamina é importante e baseado em evidências fortes, sendo um tratamento essencial para manejo de pacientes que falharam nas outras tentativas de tratamento para depressão grave com ou sem ideação suicida. A depressão é considerada refratária ou resistente ao tratamento quando são utilizados dois ou mais antidepressivos, em dose plena, sem melhoras”, complementa o psiquiatra Emerson Acorverde do Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol-UFRN).

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