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Nova variante do vírus HIV está circulando em pelo menos três estados do Brasil

 
     
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Um novo subtipo do vírus HIV, o vírus da Aids, está circulando em, ao menos, três das cinco regiões brasileiras. É o que revela estudo da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com instituição sul-africana, publicado na revista “Memórias do Instituto Oswaldo Cruz”, na sexta (16). Os pesquisadores identificaram a nova variante em amostras de sangue de pessoas soropositivas para o vírus HIV do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia.

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A variante é resultado da mistura genética de dois tipos de HIV amplamente difundidos no Brasil, chamados de B e C, que podem ter se combinado no organismo de um paciente soropositivo para HIV e gerado padrões diferentes dos já conhecidos. Durante a investigação, os cientistas analisaram uma amostra genética coletada em 2019 de um portador do HIV em tratamento em Salvador, na Bahia, e identificaram fragmentos dos dois tipos diferentes do vírus.

As sequências genéticas encontradas foram, então, comparadas com informações registradas em bancos de dados científicos, o que revelou a existência de outras três ocorrências de padrões semelhantes espalhadas pelo Brasil. Com esses resultados, a equipe realizou um estudo de parentesco que indicou uma conexão entre as quatro amostras e possibilitou a classificação da nova variedade do vírus HIV, a recombinante CRF146_BC.

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Segundo Joana Paixão Monteiro-Cunha, autora da pesquisa, o mais provável é que essa nova variedade tenha surgido em um paciente infectado, ao mesmo tempo, com os tipos B e C do vírus. “Quando duas variantes diferentes infectam a mesma célula, podem se formar híbridos durante o processo de replicação do vírus e, destes, surgem os recombinantes”, explica a pesquisadora. Ela também esclarece que é possível que um único portador tenha iniciado a transmissão do novo tipo no Brasil, que já foi detectado em três estados. “Nosso estudo mostrou que as variantes encontradas nas diferentes regiões geográficas são descendentes de um mesmo ancestral. Assim, é possível especular que ela já está amplamente disseminada no país”, alerta.

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Separadamente, os subtipos B e C do HIV são responsáveis por cerca de 80% das infecções no Brasil, sendo a variante B a mais difundida em todas as regiões do país. Mesmo com essa prevalência, a autora destaca que a maior parte do material genético da nova variante é herdada do tipo C. “Nós avaliamos muitas outras formas recombinantes que envolvem os dois subtipos e observamos que, na maioria delas, também predominam sequências genômicas do subtipo C”. De acordo com a pesquisadora, isso pode indicar uma pressão seletiva para a manutenção da variante C, possivelmente devido a vantagens adaptativas ou replicativas presentes nesse tipo.

Embora novos estudos sejam necessários para verificar diferenças entre a nova variante e os tipos C e B nas taxas de transmissão e progressão da infecção para a Aids, Monteiro-Cunha explica que não há evidências de que o tratamento contra o vírus precise ser modificado. “Parece que os subtipos de HIV-1 não apresentam grandes diferenças na resposta à terapia antirretroviral”, comenta.

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As formas recombinantes de HIV são responsáveis por cerca de 23% das infecções ao redor do globo. Desde 1980, mais de 150 misturas entre as variantes B e C já foram descobertas no mundo. Nesse cenário, a pesquisadora salienta que é essencial manter os esforços para investigar esses vírus. Sua equipe deve continuar investigando e monitorando o surgimento de novas formas do HIV para auxiliar na vigilância da disseminação desse vírus — o que impacta, também, no controle da doença causada por ele.

Da Agência Bori

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