A prisão do vereador Rosinaldo Bual (Agir), na manhã da última sexta-feira (03/10), durante uma operação deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), marca um dos episódios mais impactantes da atual legislatura da Câmara Municipal de Manaus (CMM). Ele teve R$ 2,5 milhões bloqueados e pode ficar afastado do mandato por 120 dias, sendo necessário a convocação do suplente dele, Alonso Oliveira.
Mesmo preso, o vereador continuará recebendo o salário de R$ 26 mil da Câmara Municipal. Acusado de liderar um esquema de desvio de recursos públicos por meio da chamada “rachadinha”, Bual foi detido juntamente com dois assessores, incluindo a chefe de gabinete, Luiza Barbosa. As investigações apontam indícios robustos de movimentações financeiras irregulares, utilização de funcionários fantasmas e possível envolvimento em crimes como lavagem de dinheiro e até associação com o tráfico de entorpecentes.
Durante a operação, três cofres foram apreendidos no gabinete parlamentar. O vereador se recusou a fornecer as senhas, e os objetos foram levados para a perícia. Os equipamentos então foram abertos pela polícia, revelando uma fortuna em dinheiro vivo e cheques em poder do parlamentar municipal.
Relatórios obtidos pelos investigadores indicam que mais de cem servidores passaram pelo gabinete de Bual desde o início do mandato, com forte rotatividade e vínculos funcionais inconsistentes. Além disso, há registros de que parte dos salários dos servidores era devolvida diretamente à conta pessoal do vereador, prática considerada ilícita e já condenada pelo Supremo Tribunal Federal em casos semelhantes.
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Convocação de suplentes e servidores de gabinete do vereador demitidos em Manaus
Rosinaldo Bual vinha crescendo em visibilidade política ao cumprir atualmente o terceiro mandato na CMM, mas já havia sido envolvido em polêmicas anteriores — entre elas, o furto de R$ 130 mil em espécie e armas de fogo de sua própria residência, em abril deste ano, protagonizado por um ex-assessor e afilhado político.
Com a prisão preventiva decretada e a expectativa de que ele seja formalmente afastado do cargo nos próximos dias, a Câmara deverá seguir os trâmites legais para substituição do vereador. A vaga será ocupada pelo suplente imediato da legenda Agir, que é o atua secretário Municipal do Trabalho, Alonso Oliveira.
Se Alonso Oliveira optar por não assumir a vaga e seguir na secretaria do Trabalho, o segundo na linha de sucessão é o também subsecretário de Habitação Júnior Nunes. O terceiro na linha de sucessão é o ex-vereador Amauri Colares, que é ligado a igreja Assembleia de Deus
Com o afastamento do titular e a prisão de membros do staff de gabinete, todos os contratos dos servidores vinculados ao mandato de Rosinaldo Bual serão automaticamente suspensos até nova deliberação da presidência da Casa.
Em nota, a CMM disse que está colaborando com as investigações.
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